quinta-feira, 7 de abril de 2011

Revolta da Vacina



Local: Na cidade do Rio de Janeiro.
Causas: No inicio do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, como capital da República, apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, coleta de resíduos precária e cortiços super povoados e muitas das chamadas favelas. Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hanseníase. Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica.
Decidido a sanear e modernizar a cidade, o então presidente da República Rodrigues Alves (1902-1906) deu plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao médico Dr. Oswaldo Cruz para executarem um grande projeto sanitário. O prefeito pôs em prática uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como bota abaixo, em razão das demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram lugar a grandes avenidas, edifícios e jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas à força, sendo obrigadas a morar nos morros e na periferia.
Oswaldo Cruz, convidado a assumir a Direção Geral da Saúde Pública, criou as Brigadas Mata Mosquitos, grupos de funcionários do Serviço Sanitário que invadiam as casas para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela. Iniciaram também a campanha de extermínio de ratos considerados os principais transmissores da peste bubônica, espalhando raticidas pela cidade e mandando o povo recolher os resíduos.
Objetivos: Na revolta da vacina, o objetivo dos revoltosos era não ser vacinado E isso foi causado pela falta de divulgação do governo sobre a importância da vacina (não houve campanha sobre o assunto) Além disso, o uso de vacinas era novidade na época e a população achava que poderia ser alguma trama do governo para matar, esterilizar, etc.
Outro problema era que a vacinação foi feita sob violência, com os vacinadores invadindo as casas, juntamente com a polícia Além disso, havia o problema do pudor, pois numa época em que não se via nem o tornozelo feminino, imagine o escândalo que era ser vacinado nas nádegas!
Reação do Governo: A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de Novembro). A rebelião foi contida, deixando 30 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre.

Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo sido erradicada da capital.
Curiosidades: A varíola foi a primeira doença contagiosa a ser erradicada por meio da vacinação.
Muitas pessoas eram contra a vacina por acreditarem que ela era imoral, já que sua aplicação era feita nos braços ou nas coxas.
Rui Barbosa, importante político brasileiro da Primeira República, foi um dos que mais atacou a obrigatoriedade da vacinação. Anos mais tarde, reconheceu o valor das idéias de Oswaldo Cruz.
A revolta da vacina também ficou conhecida como “quebra-lampião”.
A revolta da vacina não foi o único movimento que questionou as reformas republicanas. Canudos, Contestado e o próprio cangaço trazem o conflito da modernidade republicana e um velho Brasil.
Por ironia do destino, o presidente Rodrigues Alves, que lutou contra as epidemias, foi vítima de uma: a gripe espanhola.
Mesmo com a revogação da obrigatoriedade da vacinação, Oswaldo Cruz foi alvo de charges e até mesmo de ameaças de morte por algum tempo.

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